Seu olhar enroscado no meu era tudo o que a gente tinha. Até o nunca mais.
Pois é, querer ver (nem sempre)
é poder
um tele-beijo folclórico
e mais algumas palavras
sorvidas gota-a-gota
bem ao gosto das figuras
que se sabem amantes na intenção
Negar tudo sempre é preciso
e possível é porque o crime,
como manda o figurino,
jamais se viu concreto
mas os dois pares de olhos
se lambem, se deleitam
não se escondem porque
não adianta: já se disseram tudo
e apesar daquele fone ali,
daquele barulho infernal
olha eles ali, os olhos
sem-se-ver-se-vendo
combinando um encontro real.
domingo, 9 de fevereiro de 2014
domingo, 2 de fevereiro de 2014
De olhares...
Pelo menos te roubei aquele beijo. "Seu nome perdido comigo em alguma gaveta..."
Hmm, desconcertante olhar
de profundo sentir
profundo beijar
profundo castanho-negro
escuro e brilhante
debruçando-se à beira do meu,
sem pudor, aquele das palavras.
Olhaste assim, sempre?
É assim que sempre olhas?
Olhar que não se vela
Como se vela o que dizes com a boca.
Véus, pra quê servem
que prendem as palavras ainda
na garganta, nos pulmões até?
Emaranhado de teias
que queria ver arrancadas
deixando passar o que
o olhar me grita.
No entanto receio
se percebo o murmúrio.
Não quero o cristal quebrado do olhar
esfacelado frio sem sentido
morto
Prefiro o desvario e o desespero
desse olhar rasgado, perdido
debruçando-se no tal abismo
enlouquecido
SEMPRE-VIVO.
(1989/90, em um ônibus da Útil, voltando do Rio para Juiz de Fora)
domingo, 26 de janeiro de 2014
Abrindo o bau poético
Imagem aqui |
Há um tempo atrás, prometi a mim mesma que iria dar um jeito de encontrar os poemas que escrevia quando era (mais) jovem. E que os traria pra cá. Pois bem, achei alguns na mudança de casa e hoje trago o primeiro. É uma louca viagem para mim, nem todos são datados, de alguns não me lembro da inspiração. E nada tem título...
A poesia amadurece
seus momentos
nas páginas novas
dessa vida-canção.
Longamente adormecida
no medo,
noites de frio - dias de pesar,
rompe a fronteira
do prazer
de novamente se delinear,
mansa cadência
de requebros
no aconchego
de um papel vagabundo,
como o são as manhãs
de abril.
(11/04/1988, não imagino onde, folha de uma agenda velha de 1987)
Marcadores:
escrever,
memórias,
pensamento,
poesia
Assinar:
Postagens (Atom)